Oito viagens, muitos discursos: G7 segue ignorando as pautas de Lula

Oito viagens, muitos discursos: G7 segue ignorando as pautas de Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) marca presença na 51ª Cúpula do G7, que ocorre entre este domingo, 15, e a próxima terça-feira, 17, em Kananaskis, na província de Alberta, no Canadá. Esta é a nona participação de Lula nas reuniões do grupo, somando os três mandatos no Palácio do Planalto.

O petista costuma enxergar esses convites como sinal de prestígio internacional e reconhecimento do peso do Brasil no cenário global. Mesmo assim, seu histórico nas cúpulas expõe uma trajetória de discursos críticos, poucos resultados efetivos e uma constante cobrança por maior protagonismo dos países em desenvolvimento.

Logo na primeira participação, em 2003, na França, Lula abriu sua agenda internacional com a defesa da criação de um fundo global contra a fome. A proposta não foi acatada. Dois anos depois, no Reino Unido, insistiu no tema da redução da pobreza e exigiu mais recursos para a África. O G7 prometeu destinar US$ 50 bilhões até 2010, mas concretizou apenas uma parte da promessa.

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O tom de insatisfação se intensificou em 2008, quando Lula afirmou que o então G8 perdia relevância e exigiu a ampliação do grupo. No ano seguinte, reforçou que o G20 deveria concentrar os principais debates econômicos globais. Apesar das cobranças, o único avanço prático veio com a construção de um consenso parcial sobre a eliminação dos subsídios agrícolas, pauta que levava desde 2005. Naquela ocasião, uma reunião com Barack Obama trouxe algum otimismo, embora o acordo climático só tenha se materializado anos depois, na COP21, em 2015.

De volta ao poder em 2023, Lula manteve o tom crítico ao participar da cúpula no Japão, a convite do premiê Fumio Kishida. Defendeu mudanças na governança global, pressionou por uma reforma no Conselho de Segurança da ONU e criticou os blocos geopolíticos antagônicos. Tentou se reunir com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, mas o encontro não aconteceu.

O cenário se repetiu em 2024, na cúpula realizada na Itália. Lula voltou a defender a inclusão da Rússia nos diálogos de paz sobre a guerra na Ucrânia. A proposta foi rejeitada. O grupo manteve o alinhamento com Kiev e reforçou o apoio no documento final. Também atacou o aumento dos gastos militares das potências ocidentais, mas a Otan seguiu discutindo o avanço desse porcentual de 2% para 5% do PIB dos membros.

Neste ano, Lula chega ao Canadá carregando a mesma postura crítica que o acompanha desde 2003

Neste ano, Lula chega ao Canadá carregando a mesma postura crítica que o acompanha desde 2003. Embora desconfortável com o modelo de governança do G7, reforça que o Brasil não abre mão de participar das discussões multilaterais. A agenda da cúpula inclui temas como segurança energética e preservação das florestas. Além do Brasil, também participam como convidados África do Sul, Austrália, Coreia do Sul, Emirados Árabes Unidos, Índia, México e Ucrânia.

O embarque partirá de Brasília nesta segunda-feira, 16, às 8h, com chegada ao Canadá no fim da tarde. No primeiro dia, a programação se limita a um jantar de boas-vindas. Já na terça-feira, o presidente brasileiro participa da foto oficial, do debate geral e retorna ao Brasil na mesma noite.

A única reunião bilateral confirmada até o momento será com o primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, solicitou uma reunião privada, mas o Itamaraty ainda tenta encaixar o encontro na agenda. Caso ocorra, será o segundo diálogo direto entre os dois; o primeiro aconteceu em Nova York, em 2023. Também não há previsão de conversa individual com Donald Trump.

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