Depois de declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre possíveis tarifas a países alinhados ao Brics, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva rebateu o que chamou de ameaças e defendeu a soberania das nações. Durante entrevista no encerramento da cúpula do grupo, no Rio de Janeiro, o brasileiro afirmou que nenhum país deve interferir nas decisões de outros.
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O petista destacou que o mundo rejeita figuras autoritárias e valoriza o respeito mútuo. Segundo Lula, o Brics não busca desafiar outros blocos, mas propõe uma nova estrutura global, aberta à adesão de mais países e voltada ao apoio das nações mais pobres.
“O Brics não nasceu para afrontar ninguém, é outro modo de fazer política, é para ajudar os mais pobres”, afirmou Lula. “O Brics é uma coisa nova, não é um clube de privilegiados, é um conjunto de países que querem outro jeito de organizar o mundo.”
Ameaças de tarifas e reciprocidade
Ao comentar sobre a ameaça de tarifas, o presidente ressaltou que medidas e ameaças por redes sociais não são adequadas. Para ele, as discussões deveriam ocorrer em fóruns internacionais.
Lula disse que, em caso de sanções, os países do Brics podem adotar reciprocidade. “Não acho que um país deveria ficar ameaçando o mundo através da internet”, opinou. “Não é correto. Se ele [Trump] acha que ele pode taxar, os países têm o direito de taxar também. Existe a lei de reciprocidade.”
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Sobre o Conselho de Segurança da ONU, Lula criticou a composição do órgão e relacionou a sua permanência aos conflitos recentes no mundo. Ele questionou a ausência de países como Índia, Brasil e México no conselho e afirmou que as nações fundadoras resistem à entrada de novos integrantes.
“O Conselho de Segurança da ONU, que deveria evitar essas guerras, são os promotores” disse. “Ninguém pede licença para fazer guerra, e a ONU perde credibilidade para negociar.”
Lula critica atuação da ONU e faz proposta para o Brics
Lula também abordou a crise na Faixa de Gaza, de modo a indicar um envolvimento da ONU no conflito. Segundo ele, a entidade deveria liderar esforços para solucionar a situação, mas está comprometida com interesses dos países-membros permanentes, exceto a China.
“Vamos ser francos: o que está acontecendo em Gaza já passou da capacidade de compreensão de qualquer ser humano”, afirmou o petista. “Dizem que é uma guerra contra o Hamas, mas só mata mulheres e crianças.”
O presidente mencionou ainda que o Brics pode se fortalecer e ocupar espaço de outros fóruns internacionais, como G7 e G20, caso amplie sua composição. Ele sugeriu que a ONU deveria assumir papel central nos debates globais, mas reconheceu limitações atuais da entidade.
“Eu sinceramente acho que deveríamos convidar outros dez países para o Brics, aí fica uma coisa só”, opinou. “Não precisa ter G7, G20, isso poderia ser o grande centro de debate, poderia ser a ONU.”
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Quando indagado sobre as declarações de Trump em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, Lula minimizou o assunto e disse que o Brasil tem suas próprias leis e regras.
“Não vou comentar essa coisa do Trump com Bolsonaro”, disse. “Eu tenho coisa mais importante para comentar sobre isso. Este país tem lei, tem regra e este país tem um dono, chamado povo brasileiro.” Nas redes sociais, o perfil oficial do presidente reforçou a posição de não aceitar interferências externas e destacou que ninguém está acima da lei.
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