Em meio à escalada de tensões diplomáticas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manifestou ao jornal The New York Times seu desejo de ser respeitado por Donald Trump. O líder brasileiro também criticou a ausência de diálogo por parte do presidente dos Estados Unidos e rejeitou qualquer tipo de imposição vinda de Washington.
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A entrevista, publicada na madrugada desta quarta-feira, 30, marca a primeira conversa direta de Lula com o jornal em 13 anos. Segundo o presidente, a forma como o governo norte-americano conduz a questão das tarifas não será aceita de forma passiva pelo Brasil. “Tenha certeza de que estamos tratando isso com a máxima seriedade”, afirmou Lula. “Mas seriedade não exige subserviência. Eu trato todos com grande respeito. Mas quero ser tratado com respeito.”
A fala, no entanto, contrasta com o histórico do próprio petista, que frequentemente tem insultado o presidente norte-americano. Lula chegou a compará-lo ao nazismo durante a campanha eleitoral, ironizou suas decisões ao chamar Trump para “jogar truco”, além de manter o tom provocativo mesmo depois do anúncio do tarifaço.
Tarifas de Trump e críticas à soberania brasileira
No domingo 27, Trump confirmou que, a partir de sexta-feira 1º entrarão em vigor novas tarifas de 50% sobre produtos do Brasil, uma das taxas mais altas do mundo. O jornal norte-americano atribuiu a decisão, em parte, ao contexto das acusações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e relembrou que Trump classificou o caso como “caça às bruxas”.
Lula disse que as novas tarifas representam uma afronta à soberania do Brasil e reforçou que o país não aceitará negociar em posição inferior. “Em nenhum momento o Brasil vai negociar como se fosse um país pequeno diante de um país grande”, explicou. Ele reconheceu o peso econômico, militar e tecnológico dos Estados Unidos, mas afirmou: “Isso não nos deixa com medo. Nos deixa preocupados”.
Lula criticou os métodos do governo norte-americano. “O comportamento do presidente Trump desviou de todos os padrões de negociações e diplomacia”, disse o petista ao jornal. “Quando você tem uma divergência comercial, uma divergência política, você pega o telefone, marca uma reunião, conversa e tenta resolver o problema. O que você não faz é taxar e dar um ultimato.”
O presidente brasileiro alertou ainda para o impacto das tarifas sobre produtos nacionais no mercado norte-americano, como café, carne e suco de laranja. “Nem o povo norte-americano nem o povo brasileiro merecem isso”, enfatizou o petista. “Porque vamos passar de uma relação diplomática de 201 anos de ganha-ganha para uma relação política de perde-perde.”
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