Durante visita oficial à França, Lula acusou Israel de promover um “genocídio premeditado” na Faixa de Gaza. A declaração foi feita nesta quinta-feira, 5, em entrevista coletiva ao lado do presidente francês, Emmanuel Macron.
“Não é possível a gente aceitar uma guerra que não existe. É um genocídio premeditado de um governante de extrema direita que está fazendo uma guerra, inclusive, contra os interesses do seu próprio povo”, disse Lula, sem citar o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. “Porque a Israel, ao povo judeu, também não interessa essa guerra.”
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Lula também repetiu uma frase dita poucos dias antes, conforme apurado pelo jornal Folha de S.Paulo. Segundo ele, “o que está acontecendo em Gaza não é uma guerra, o que está acontecendo em Gaza é um genocídio de um Exército altamente preparado contra mulheres e crianças”.
Que VERGONHA!
Um dia após acusar Israel de cometer genocídio em Gaza, Lula chega à França usando uma faixa em apoio à causa palestina. Anão diplomático! pic.twitter.com/frY9yprJbW
— Jakelyne Loiola (@Jakelyneloiola_) June 4, 2025
O petista cobrou uma reação firme da comunidade internacional ao dizer ser “triste saber que o mundo se cala diante de um genocídio”. Ele voltou a defender a reforma do Conselho de Segurança da ONU, com a justificativa de que o órgão precisa refletir a realidade atual.
“A ONU de hoje não pode ser a ONU de 1945. A ONU de hoje tem que ter o continente africano participando, o continente sul-americano participando, o latino-americano. Tem que ter países importantes, como a Alemanha, como o Japão”, disse. Lula também questionou a ausência da Índia no conselho.
O presidente brasileiro também fez menção ao acordo que pôs fim à Guerra dos Seis Dias. “É preciso que a mesma ONU que teve autoridade para criar o Estado de Israel tenha autoridade para preservar a área demarcada em 1967.”
Na Etiópia, Lula comparou ação militar de Israel ao holocausto nazista
Lula intensificou suas críticas a Israel nos últimos dias, em meio à retomada instável da ajuda humanitária à Gaza, que havia sido bloqueada, sob a alegação de que recursos estavam sendo desviados pelo Hamas.
Em fevereiro de 2024, durante visita à Etiópia, Lula já havia se referido à ofensiva israelense como genocídio. Na ocasião, o petista comparou a ação militar à perseguição dos judeus pela Alemanha nazista — o que gerou forte reação do governo israelense.
Em reação à fala de Lula, o embaixador brasileiro em Tel-Aviv, Frederico Meyer, foi convocado para uma reprimenda no memorial do Holocausto, Yad Vashem, e o então chanceler Israel Katz declarou Lula persona non grata no país.
BREAKING:
Israel bans Lula from entering Israel without first apologizing for comparing the war in Gaza with the Holocaust.
“We won’t forget, nor forgive. Lula will be Persona Non Grata until he apologizes & retracts his words.” – FM @Israel_katz
🇮🇱🇧🇷 pic.twitter.com/KaXR1IyQE3
— Visegrád 24 (@visegrad24) February 19, 2024
Depois do episódio, o governo brasileiro retirou seu embaixador de Tel-Aviv e não indicou substituto. Além disso, o Brasil vem adiando o aval necessário para que Israel nomeie um novo embaixador no país.
Na prática, o relacionamento entre os dois governos está rebaixado. O governo Lula é representado em Israel apenas por um encarregado de negócios, de nível hierárquico inferior.
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