Segundo encontro direto de conversas está marcado para esta segunda-feira (2), na Turquia. Delegações da Rússia e da Ucrânia durante reunião para tentar um acordo de cessar-fogo, em Istambul, na Turquia, em 16 de maio de 2025.
Ramil Sitdikov/ Sputnik Pool Foto via AP
Autoridades da Rússia e da Ucrânia se reúnem novamente nesta segunda-feira (2) em Istambul, capital da Turquia, para a segunda rodada de negociações diretas por um fim da guerra entre os dois países, que completou três anos em fevereiro deste ano.
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O rumo que as negociações desta segunda-feira tomará se cercou de incerteza por conta de ataques massivos e inéditos por ambas as partes nas últimas horas:
A Ucrânia fez no domingo (1º) um mega-ataque na Rússia, chamado de “Operação Teia de Aranha”, que destruiu mais de 40 aviões de guerra russos em diversas bases militares do país;
Já a Rússia quebrou um recorde no domingo (1º): fez o maior bombardeio de drones da guerra até o momento, com 472 projéteis lançados contra o território ucraniano.
As negociações diretas entre Ucrânia e Rússia pelo fim da guerra tiveram início em 16 de maio, em uma rodada de conversas cercada de polêmicas e com poucos resultados. Nesse primeiro encontro, também em Istambul, os países se comprometeram apenas com uma troca de 1.000 prisioneiros de guerra de cada lado.
A nova reunião acontece um dia após um ataque ucraniano “em larga escala” em território russo, que atingiu até a Sibéria. O assalto coordenado com drones contra quatro bases militares russas danificou dezenas de aviões, incluindo caças estratégicos, segundo o Serviço de Segurança Ucranianos (SBU).
O Exército russo anunciou que derrubou 162 drones ucranianos durante a noite, muitos direcionados contra as regiões fronteiriças de Kursk e Belgorod. Kiev afirmou por sua vez que Moscou lançou 80 drones contra seu território.
O novo ciclo de negociações está programado para acontecer no palácio de Ciragan, um edifício imperial otomano na margem do rio Bósforo. Os representantes russos chegaram no domingo e a delegação ucraniana na manhã de segunda-feira.
O chefe da diplomacia russa, Sergey Lavrov, conversou no domingo por telefone com seu homólogo americano, Marco Rubio, sobre as negociações, segundo o Ministério das Relações Exteriores da Rússia.
Moscou anunciou que apresentaria um “memorando” com suas condições para um acordo de paz, um documento que se recusou a transmitir a Kiev, como havia sido solicitado antes das negociações.
Mega-ataque com drones da Ucrânia destrói aviões russos
Garantias de segurança
As partes estão muito longe de um acordo, seja uma trégua ou uma solução de longo prazo.
As prioridades da Ucrânia são “um cessar-fogo completo e incondicional” e o “retorno dos prisioneiros” e das crianças ucranianas que, segundo Kiev, Moscou levou para seu território, afirmou no domingo o presidente Volodimir Zelensky.
O chefe de Estado ucraniano também deseja uma reunião direta com seu homólogo russo, Vladimir Putin, uma proposta que o Kremlin rejeitou diversas vezes.
Moscou descarta o “cessar-fogo incondicional” exigido por Kiev e seus aliados ocidentais. O Kremlin insiste que é necessário resolver o que chama de “causas profundas” do conflito.
A Rússia exige que a Ucrânia renuncie de forma definitiva ao processo de adesão à Otan e que entregue as cinco regiões das quais reivindica a anexação.
As condições são inaceitáveis para Kiev, que exige uma retirada total das tropas russas de seu território.
A Ucrânia também quer garantias de segurança concretas, apoiadas por seus aliados, como a proteção da Otan e a presença de tropas ocidentais em seu território, o que a Rússia não aceita.
– A guerra continua -A guerra, que começou há mais de três anos, provocou dezenas de milhares de mortes entre civis e militares dos dois lados.
O principal negociador russo em Istambul é Vladimir Medinski, o conselheiro ideológico de Putin que liderou as negociações fracassadas de 2022 e que questiona a existência da Ucrânia.
A delegação ucraniana é liderada pelo ministro da Defesa, Rustem Umerov, considerado um bom negociador, apesar dos vários escândalos que afetam seu ministério.
A Ucrânia informou no domingo que atingiu quase 50 aviões militares russos e reivindicou danos avaliados em quase 7 bilhões de dólares.
O ataque, em território russo a milhares de quilômetros de distância da linha de frente, foi executado com drones introduzidos clandestinamente na Rússia e posteriormente lançados contra suas bases militares.
As consequências para as capacidades militares russas são difíceis de quantificar, mas o ataque tem uma forte carga simbólica no contexto das negociações.
Fonte: https://g1.globo.com/mundo/ucrania-russia/noticia/2025/06/02/apos-ataques-ineditos-e-longe-de-consenso-ucrania-russia-nova-rodada-negociacoes.ghtml