Pesquisador que vasculhou arquivos afirma que novos documentos trazem ampla gama de detalhes sobre ações americanas na América Latina. Brasil é citado. Assassinato de Kennedy: veja versão oficial e especulações
A divulgação de mais de 2 mil arquivos sobre o assassinato de John F. Kennedy trouxe à tona operações de espionagem dos Estados Unidos nos anos 1960. Os documentos, publicados na terça-feira (18), revelam ações da inteligência americana para conter a influência comunista no mundo. Já sobre o crime em si, há poucas novidades.
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O assassinato de Kennedy em 1963 foi atribuído a um único atirador: Lee Harvey Oswald. O Departamento de Justiça e outros órgãos federais do governo reafirmaram essa conclusão nas décadas seguintes. Mas pesquisas mostram que muitos americanos ainda acreditam que a morte do então presidente foi resultado de uma conspiração.
“Haverá pessoas que irão examinar os registros e ver se há alguma pista que confirme suas teorias”, disse Larry Schnapf, advogado ambientalista que pesquisou o assassinato e pressionou o governo para tornar públicos os detalhes da morte de Kennedy.
Schnapf ficou acordado durante a madrugada de quarta-feira (19) examinando os documentos. Ele disse que encontrou mais informações sobre as operações de espionagem dos Estados Unidos do que sobre o assassinato de Kennedy.
“É tudo sobre as atividades secretas do nosso governo que antecederam o assassinato”, disse ele.
Entre os documentos liberados na terça-feira, há registros do Departamento de Defesa de 1963 sobre a Guerra Fria no início dos anos 1960 e o envolvimento dos EUA na América Latina. Os arquivos detalham ações para frustrar o apoio do líder cubano Fidel Castro aos comunistas em outros países.
O Brasil, por exemplo, é citado em uma série de documentos da CIA. A agência de inteligência afirmou que fez propaganda para impedir o avanço da influência cubana e chinesa no país.
Um documento liberado de janeiro de 1962 revela detalhes de um projeto ultrassecreto chamado “Operação Mongoose”, ou simplesmente “Projeto Cuba”. A ação foi uma campanha de operações secretas e de sabotagem contra Cuba, liderada pela CIA e autorizada por Kennedy em 1961.
Larry Sabato, chefe do Centro de Política da Universidade da Virgínia, disse que é a favor da transparência em Washington e observou que gestões anteriores, incluindo o governo de Joe Biden, também liberaram documentos sobre o assassinato de Kennedy.
Mas ele acrescentou que, mesmo com os milhares de novos documentos, o público ainda não saberá tudo, pois muitas evidências podem ter sido destruídas ao longo das décadas.
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Queda do sigilo
Páginas das investigações do assassinato de John F. Kennedy divulgadas pela gestão Trump após queda do sigilo
Carlos Barria/Reuters
Logo após retornar para a Casa Branca, o presidente Donald Trump assinou uma ordem executiva que direcionava as autoridades de inteligência nacional e outros oficiais a elaborar rapidamente um plano “para a liberação completa e total de todos os registros sobre o assassinato de John F. Kennedy”.
A coleção de assassinato de Kennedy nos arquivos nacionais contém mais de 6 milhões de páginas de registros, a grande maioria das quais já haviam sido desclassificadas e tornadas públicas antes da ordem de Trump.
O presidente americano disse que 80.000 páginas sobre o caso seriam liberadas. Os advogados do Departamento de Justiça receberam ordens na noite de segunda-feira (17) para revisar os registros para liberação.
Trump prometeu durante a campanha oferecer mais transparência sobre a morte de Kennedy. Ao assumir o cargo, ele também ordenou que seus assessores apresentassem um plano para a liberação de registros relacionados aos assassinatos de Robert F. Kennedy e Martin Luther King Jr., em 1968.
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Fonte: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2025/03/20/arquivos-secretos-trazem-poucos-detalhes-sobre-morte-de-kennedy-e-revelam-operacoes-de-espionagem-dos-eua.ghtml