O Banco Central (BC) comunicou, nesta terça-feira, 5, que pode retomar o ciclo de aumento da taxa básica de juros caso considere isso necessário para conter pressões inflacionárias. A instituição publicou a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) e destacou que o atual patamar da Selic deve ser preservado por um longo período, sem sinalizar novos cortes ou altas imediatas.
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No documento, o Copom ressaltou o impacto da política fiscal dos Estados Unidos e das novas tarifas impostas pelo presidente norte-americano, Donald Trump, sobre produtos brasileiros, que começam a valer nesta quarta-feira, 6.
Segundo o comitê, essas medidas exigem cautela por causa do cenário “mais incerto e mais adverso” para a economia nacional.
“A elevação por parte dos Estados Unidos das tarifas comerciais para o Brasil tem impactos setoriais relevantes e impactos agregados ainda incertos a depender de como se encaminharão os próximos passos da negociação e a percepção de risco inerente ao processo”, afirmou o BC na ata. “O comitê acompanha com atenção os possíveis impactos sobre a economia real e sobre os ativos financeiros.”
A avaliação do Banco Central
Apesar do ambiente econômico mundial desfavorável, o Banco Central avaliou que o mercado de trabalho no Brasil mantém sinais de vigor, mesmo diante da desaceleração observada em alguns setores da atividade econômica. O Copom revelou que, embora haja moderação no crescimento, o dinamismo do emprego segue relevante.
Na última quarta-feira, 30, o Copom decidiu por unanimidade manter a Selic em 15% ao ano, interrompendo o ciclo de elevações iniciado em setembro de 2024. A taxa permanece no maior patamar desde julho de 2006, quando atingiu 15,25% ao ano, durante o fim do primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva.
A última redução dos juros ocorreu em maio de 2024. Na ocasião, a Selic foi ajustada para 10,5% ao ano, seguida por duas manutenções antes das recentes altas.
A meta de inflação estipulada pelo Banco Central determina que o IPCA não deve ultrapassar 4,5%. Nos seis primeiros meses de 2025, o indicador ficou acima do limite, e alcançou 5,35% em junho.
Por esse motivo, a autoridade monetária precisou encaminhar uma carta em que explica o descumprimento da meta, conforme as regras vigentes. O BC projeta que a inflação só retornará ao intervalo da meta no primeiro trimestre de 2026.
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