Byron Black em foto de arquivo
Tennessee Department of Corrections via AP
Um preso executado nos Estados Unidos afirmou estar com muita dor logo após o início da injeção letal, segundo testemunhas que acompanharam o procedimento. Byron Black foi morto mesmo com dúvidas sobre o funcionamento de uma espécie de marca-passo que ele tinha implantado no peito. O aparelho não foi desativado antes da execução por decisão da Justiça.
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O caso foi marcado por uma disputa judicial sobre a necessidade de desligar o aparelho cardíaco antes da execução. A defesa alertou que o aparelho que Black tinha poderia disparar choques no coração durante o efeito dos medicamentos letais.
Em julho, um juiz deu razão à defesa e autorizou a desativação. Mas a Suprema Corte do estado derrubou a decisão dias antes da execução, alegando que o juiz não tinha poder para impor essa ordem.
As autoridades afirmaram que os medicamentos letais não causariam disparos do aparelho e que, mesmo se causassem, o condenado não sentiria nada.
A morte de Black foi confirmada às 10h43 da manhã desta terça-feira (5). A execução durou cerca de 10 minutos. Durante esse tempo, Black olhou em volta, suspirou e respirou com dificuldade. Os sete jornalistas presentes disseram que ele parecia desconfortável.
A advogada Kelley Henry, que representa a defesa, disse que o comportamento de Black conseguiu levantar a cabeça várias vezes e reclamou de dor. Segundo ela, o efeito da substância usada para induzir a morte deveria ser imediato.
“O fato de ele ter conseguido levantar a cabeça e dizer que estava com dor mostra que o medicamento não agiu como o estado alegou que agiria”, afirmou.
Agora, a equipe legal deve analisar os dados gravados pelo aparelho cardíaco durante a autópsia.
Black, de 69 anos, usava cadeira de rodas e tinha histórico de demência, danos cerebrais, insuficiência renal e problemas cardíacos. Ele foi condenado pelo assassinato da namorada e das duas filhas dela em 1988. Segundo os promotores, o condenado agiu por ciúmes.
A execução foi a segunda realizada no estado do Tennessee desde maio, após cinco anos de suspensão por causa da pandemia e de erros cometidos pelo sistema prisional.
Com a morte de Black, os Estados Unidos chegaram a 28 execuções em 2025. Outras nove estão previstas até o fim do ano, em sete estados. O número já ultrapassa os 25 casos registrados em 2024 e 2018. É o maior total desde 2015.
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O crime
Necoule Davis e Sharonda Page, primas das vítimas de Byron Black, esperam do lado de fora do presídio de segurança máxima Riverbend antes da execução
AP Photo/Mark Humphrey
Byron Black foi condenado pela morte de Angela Clay, de 29 anos, e das filhas dela, Latoya, de 9, e Lakeisha, de 6. As três foram mortas a tiros dentro de casa. Na época, Black cumpria pena em regime semiaberto por ter atirado no ex-marido de Angela.
A irmã da vítima disse que a execução coloca Black diante de um julgamento maior.
“A família dele agora passa pelo que passamos há 37 anos. Não posso dizer que lamento, porque nunca recebemos um pedido de desculpas”, afirmou Linette Bell, por meio de um representante.
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Fonte: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2025/08/05/condenado-a-morte-reclama-de-dor-intensa-durante-execucao-com-injecao-letal-e-levanta-polemica-nos-eua.ghtml