O enfraquecimento da direita e o fim do capitalismo estão entre os principais objetivos das oito chapas inscritas no Processo de Eleição Direta (PED) do PT. A votação vai ocorrer em 6 de julho. Com ela, o Partido dos Trabalhadores pretende renovar o controle da sigla em todos os níveis.
As mudanças incluem a presidência nacional, hoje ocupada interinamente pelo senador Humberto Costa (CE). O parlamentar substituiu a deputada Gleisi Hoffmann (PR), que se licenciou do cargo para assumir a Secretaria de Relações Institucionais, no governo Lula da Silva.
PT quer promover pautas identitárias
Segundo análise do jornal Gazeta do Povo, mais do que uma disputa por cargos, o processo representa principalmente uma reafirmação do projeto ideológico petista. Dois debates entre os presidenciáveis e representantes de chapas já ocorreram com transmissão ao vivo pelo YouTube. No entanto, as verdadeiras intenções projetam-se nos documentos oficiais
O material, que leva o nome de tese dos candidatos, exibe, sobretudo, propostas como a expansão do controle estatal, a redistribuição forçada de riquezas por meio de impostos, regulação das mídias, assim como a promoção de pautas identitárias.
Candidato de Lula, o ex-ministro Edinho Silva lidera a chapa “Partido é pra lutar”. Seu projeto propõe reforçar o apoio ao governo federal, ampliar a presença do PT em movimentos sociais e, da mesma forma, preservar alianças institucionais. O deputado federal Rui Falcão (SP), que já presidiu o PT em dois mandatos, lidera a chapa “Virar à esquerda”. Ele defende que o partido ataque diretamente aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Historiador e dirigente da corrente Articulação de Esquerda, Valter Pomar encabeça a chapa “Em tempos de guerra, a esperança é vermelha”. Em sua tese, o PT deve abandonar qualquer compromisso com o sistema liberal e promover a transição para o “poder popular” por meio de autogestão, controle econômico e mobilização social permanente. Sustenta ainda o apoio explícito a Cuba e Venezuela, além de condenar qualquer tentativa de anistia aos envolvidos no 8 de janeiro.
Chapa defende a legalização do aborto
Secretário de Relações Internacionais do PT e militante histórico em Minas Gerais, Romênio Pereira lidera a chapa “Esquerda pra valer”. Ele defende a intensificação da cooperação com regimes aliados, a adoção de um “modelo econômico soberano” inspirado na China e a regulação das plataformas digitais e veículos de imprensa. Prega, do mesmo modo, a legalização do aborto e a formação de conselhos populares para “democratizar a comunicação”.
Apesar das diferenças de estilo e abordagem, todas as chapas convergem em pontos centrais: rejeição ao livre mercado, desconfiança das instituições liberais, defesa de maior controle estatal sobre a economia e imposição de valores identitários sob o rótulo de “emancipação”. Termos como “planejamento democrático”, “governança social” e “superação do neoliberalismo” são usados para suavizar propostas que, na prática, visam uma ruptura estrutural com o modelo democrático ocidental.
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