Nesta segunda-feira, 7, o Partido dos Trabalhadores (PT) elegeu Edinho Silva como o novo presidente da sigla. Ex-ministro e ex-prefeito de Araraquara (SP), ele superou nomes históricos da legenda, como Rui Falcão, Valter Pomar e Romênio Pereira.
Chefe interino da legenda, o senador Humberto Costa (PE) confirmou a vitória. Conforme Costa, Edinho somou aproximadamente 240 mil votos. A eleição ocorreu apesar de a votação em Minas Gerais registrar divergências entre chapas. O caso já está na Justiça.
A conquista de Edinho Silva, que garantirá a ele um mandato até 2027, ocorre num contexto de intensa disputa interna, que mobilizou diferentes alas do partido. O presidente Lula e o ex-ministro José Dirceu, por exemplo, manifestaram preferência por Edinho. Já a ministra da Casa Civil e ex-presidente da legenda, Gleisi Hoffmann, liderou o grupo que tentou eleger Rui Falcão. No aniversário de Dirceu, Edinho compareceu a fim de pedir votos.
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Segundo dados oficiais do PT, o pleito contou com a inscrição de quatro candidaturas nacionais, 95 candidaturas estaduais e 144 chapas estaduais. Em números absolutos, estavam aptos a votar quase 3 milhões de filiados.
A candidatura de Edinho Silva teve respaldo da chapa “Por um partido democrático e militante com Edinho e Lula!”, que defendeu a renovação dos quadros de direção e uma articulação mais ampla para sustentar o governo Lula.
Apoio ao governo Lula
Edinho Silva assume o comando nacional do PT com a missão de preparar a legenda para as eleições municipais de 2026 e, ao mesmo tempo, apoiar as diretrizes do governo Lula, que levou o país a uma crise fiscal severa.
A posse de Edinho deve ser homologada nos próximos dias, em um evento nacional que reunirá lideranças petistas e movimentos sociais aliados.
“É preciso construir um projeto que contemple as demandas mais amplas da sociedade, sem perder de vista nossos compromissos com os trabalhadores e os mais pobres”, afirmou Edinho, em declarações recentes.
Quem é Edinho Silva
Edinho Silva, 57 anos, é jornalista de formação. Filiado ao PT desde o começo dos anos 1980, ganhou projeção ao ser eleito vereador e depois deputado estadual por São Paulo. Elegeu-se prefeito de Araraquara por dois mandatos e retornou ao cargo em 2021, depois de exercer a função de ministro da Secretaria de Comunicação Social no segundo governo Dilma Rousseff.
O ex-prefeito de Araraquara teve papel estratégico nas campanhas de Lula em 2022, ao coordenar a comunicação do então candidato ao Planalto.
Em 2020, Edinho Silva foi citado em investigações conduzidas pelo Ministério Público Federal (MPF) e pela CPI da Covid-19 do Rio Grande do Norte, depois de a Prefeitura de Araraquara firmar, por dispensa de licitação, a compra de 25 respiradores pelo total de R$ 4,2 milhões.
Em paralelo, Edinho foi inserido em inquérito no Superior Tribunal de Justiça (STJ) que envolve o Consórcio Nordeste. Esse grupo teria negociado 300 respiradores por quase R$ 50 milhões com a empresa Hempcare — que não entregou nenhum equipamento. Parte desse contrato envolvia a doação de 30 respiradores à Prefeitura de Araraquara, o que levantou suspeitas de favorecimento. A CPI estadual pediu o indiciamento de Edinho por suposto crime de responsabilidade.
Investigações da Polícia Federal também foram realizadas, com buscas e coleta de depoimentos, incluindo possíveis interferências do prefeito para amparo legal à Hempcare.
Renovação interna do PT
O cenário atual é diferente do vivido em 2017, quando o partido enfrentava pressões da Lava Jato e viu seus principais líderes investigados. Naquele período, o PT sofreu uma queda no número de filiações e não elegeu prefeitos em capitais nas eleições de 2020.
O PT, embora tenha retornado ao governo federal, enfrenta desafios para consolidar sua base e recuperar a força política no Congresso. A sigla, que atualmente possui a terceira maior bancada, observa o fortalecimento da direita no país.
Lula e outros integrantes do governo têm reforçado que a permanência do PT no governo federal depende de uma estrutura sólida tanto em nível regional quanto nacional. Eles destacam que o lançamento de um número expressivo de candidatos em todo o país será essencial para garantir a força eleitoral do partido nas próximas eleições.
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