O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), encerrou a sessão plenária desta terça-feira, 5, depois de parlamentares da oposição ocuparem a mesa diretora em protesto contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro. A medida, imposta pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), desencadeou uma reação articulada da oposição no Congresso, que passou a obstruir os trabalhos em ambas as Casas.
“Acompanho a situação em Brasília desde as primeiras horas do dia de hoje, inclusive o que vem acontecendo agora à tarde no plenário da Câmara”, afirmou Motta, em publicação no X. “Determinei o encerramento da sessão do dia de hoje e amanhã chamarei reunião de líderes para tratar da pauta, que sempre será definida com base no diálogo e no respeito institucional. O Parlamento deve ser a ponte para o entendimento.”
Oposição reage à prisão domiciliar de Bolsonaro
A oposição começou um movimento coordenado de resistência depois da decisão judicial contra Bolsonaro. Deputados e senadores ocuparam as mesas da Câmara e do Senado e passaram a cobrar uma reação institucional do Congresso. O gesto simbólico, descrito como “ato de resistência democrática” por seus autores, foi amplamente divulgado nas redes sociais. “Não vamos recuar!”, escreveu o deputado federal Mário Frias (PL-SP), ao divulgar imagens do protesto na Câmara.
O clima de confronto se intensificou ao longo do dia. Congressistas da direita passaram a exigir que os presidentes das duas Casas — Hugo Motta e Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) — se posicionem diante da escalada do STF.
Pedidos de impeachment contra Moraes
A cobrança mais direta recai sobre Alcolumbre, que tem evitado qualquer manifestação pública e resiste a pautar os pedidos de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes. Segundo interlocutores, o presidente do Senado reafirma nos bastidores que não pretende ceder à pressão política. Ainda assim, passou a ser alvo de críticas internas, especialmente depois de ter seu nome citado pelo deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) como possível alvo de sanções do governo Donald Trump, nos Estados Unidos.
Entre as demandas da oposição estão:
- a abertura do processo de impeachment de Moraes;
- a revogação das medidas contra Bolsonaro e o senador Marcos do Val (Podemos-ES), também alvo de decisões recentes do STF; e
- a votação de projetos que tratam da anistia aos condenados pelos atos do 8 de janeiro.
Próximos passos
Com a sessão plenária suspensa, a expectativa agora gira em torno da reunião de líderes convocada por Hugo Motta para esta quarta-feira, 6. O encontro deve reunir as principais lideranças partidárias da Câmara para discutir o andamento da pauta legislativa e as alternativas para conter a tensão entre Congresso e Supremo.
A oposição promete manter a pressão e não descarta novas manifestações dentro do Parlamento. “O Congresso não pode se calar diante de abusos”, afirmou o deputado Marcel van Hattem (Novo-RS), um dos articuladores da obstrução.
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