A opinião do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a respeito do que definiu como perseguição em curso contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, segue a repercutir na política brasileira. Depois do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi a vez da ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, reclamar publicamente da postura do político norte-americano. Nas redes sociais, no entanto, foi a petista quem se tornou alvo de críticas, por, conforme relatos, sua aparente hipocrisia.
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“Donald Trump está muito equivocado se pensa que pode interferir no processo judicial brasileiro”, afirmou Gleisi, em postagem em seu perfil no X na tarde desta segunda-feira, 7. Ela, que não detalhou qual seria a tentativa de interferência, aproveitou para criticar o antecessor de Lula no comando do Palácio do Planalto. “O tempo em que o Brasil foi subserviente aos EUA foi o tempo de Bolsonaro, que batia continência para sua bandeira e não defendia os interesses nacionais.”
Mais cedo, Trump saiu em defesa de Bolsonaro. O presidente dos EUA afirmou que o seu aliado não fez nada de errado. Nesse sentido, o norte-americano pediu para que se pare com que ele entende como “perseguição”. Em nenhum momento, ele afirmou que tentaria interferir no processo jurídico brasileiro, como Gleisi sugeriu.
“Não se pode falar em perseguição quando um país soberano cumpre o devido processo legal no estado democrático de direito, que Bolsonaro e seus golpistas tentaram destruir”, prosseguiu a ministra de Lula. “O presidente dos EUA deveria cuidar de seus próprios problemas, que não são poucos, e respeitar a soberania do Brasil e de nosso Judiciário.”
Gleisi recebe críticas
A postura de Gleisi Hoffmann não repercutiu bem para ela. Nos comentários, opositores e analistas políticos discordaram de seu pensamento em relação a Trump.
A deputada federal Júlia Zanatta (PL-SC) ironizou a ministra. “Gleisi, tua subserviência é outra”, afirmou a parlamentar, ao resgatar uma manchete em que a petista elogia a “democracia efetiva” da China. Sob controle do Partido Comunista, o país asiático restringe a liberdade de expressão.
O analista político Leandro Ruschel preferiu fazer uma pergunta ao ler a postagem de Gleisi. “É mesmo?”, indagou ele, que mostrou Lula exibindo cartaz em que pede a liberdade de Cristina Kirchner, ex-presidente da Argentina que cumpre prisão domiciliar ao ser condenada por corrupção — o que, na visão da petista, pode ser encarado como tentativa de interferir no processo judicial de um país soberano.
Para o consultor internacional Julio Schneider, Gleisi errou. De acordo com ele, o presidente dos EUA apenas se manifestou a respeito do que ocorre com o Poder Judiciário do Brasil.
“Trump apenas externou o que muitos já veem com clareza: o sistema judicial brasileiro está sendo usado para silenciar opositores e proteger um projeto de poder”, afirmou Schneider. “A ‘soberania’ que você defende é seletiva — vale contra Trump, mas não contra os interesses da China, de Cuba ou de Maduro, regimes que seu partido vivem bajulando.”
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