Indulto de Bolsonaro parado no STF reacende debate sobre perdão presidencial

Indulto de Bolsonaro parado no STF reacende debate sobre perdão presidencial

Há mais de dois anos, um indulto concedido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro a policiais condenados por participação na operação que resultou em 111 mortes na Casa de Detenção de São Paulo, conhecida como Carandiru, permanece sem julgamento definitivo no Supremo Tribunal Federal (STF).

A indefinição sobre o caso pode influenciar debates sobre um possível indulto para o próprio Bolsonaro, relacionado às investigações sobre suposta tentativa de “golpe”, em 2022.

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O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, disse que o Supremo deve reconhecer um eventual indulto ao seu pai.

“Como é uma competência privativa do presidente da República, e a única certeza que eu tenho é a de que o Lula não será o próximo presidente do Brasil, o próximo presidente fará o indulto e espero que o Supremo respeite a Constituição”, afirmou o senador em entrevista ao jornal O Globo. “Como não tem nenhuma formalidade ilegal, nenhum vício de formalidade, não tem por que derrubar”.

Segundo o jornal, Bolsonaro estaria discutindo eventual indulto com possíveis nomes da direita para a eleição de 2026, como o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP). Entretanto, especialistas apontam possíveis obstáculos jurídicos para a medida.

STF barrou indulto a policiais envolvidos na operação no Carandiru

Em janeiro de 2023, durante o recesso do Judiciário, a ministra Rosa Weber, então presidente do STF, suspendeu o trecho do indulto relativo ao Carandiru. Ela considerou que a decisão poderia afrontar recomendações da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA.

Ao atender a pedido do então procurador-geral da República, Augusto Aras, a ministra Rosa Weber entendeu que o decreto feria a dignidade humana e princípios do Direito internacional.

Rosa Weber se aposentou em setembro de 2023, sem que o plenário do STF tivesse julgado o mérito da questão, que segue sob relatoria do ministro Luiz Fux.

Até o momento, o Supremo não discutiu em plenário a constitucionalidade do indulto. Questionado, o STF não informou o andamento da ação.

Prerrogativa presidencial e casos polêmicos de indulto

O indulto está previsto na Constituição e é prerrogativa do presidente da República, que pode extinguir penas dentro das condições estabelecidas em decreto. Durante o seu governo, Bolsonaro concedeu indultos anualmente

Bolsonaro utilizou o instrumento em 2022 para perdoar o então deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado pelo STF a oito anos e nove meses de prisão por supostas ameaças ao Estado Democrático de Direito. Bolsonaro concedeu o perdão ao parlamentar menos de 24 horas depois da condenação.

Silveira havia sido preso em flagrante em abril do ano anterior por publicar vídeo com críticas a ministros do STF.

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A Câmara dos Deputados manteve a prisão, por 364 votos a favor e 130 contrários. Após migrar para o regime domiciliar, Silveira voltou à prisão por descumprimento de medidas judiciais.

O decreto de perdão, assinado antes do trânsito em julgado, justificou que a “prerrogativa presidencial para a concessão de indulto individual é medida fundamental à manutenção do Estado Democrático de Direito”.

O texto também alegou “legítima comoção” da sociedade diante da condenação de um parlamentar amparado pela liberdade de expressão.

STF anulou indulto de Bolsonaro a Daniel Silveira

Em maio de 2023, o STF decidiu anular os efeitos do indulto concedido a Silveira. A maioria dos ministros acompanhou o entendimento da relatora, ministra Rosa Weber, que considerou que o ato presidencial feriu os princípios constitucionais da impessoalidade e moralidade administrativa por motivação político-ideológica.

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