A Polícia Federal (PF) concluiu que uma associação de aposentados com sede em Aracaju (SE), usou uma rede de contas bancárias para movimentar cerca de R$ 95 milhões de forma pulverizada e dificultar o rastreamento de recursos obtidos por meio de descontos indevidos em benefícios do INSS.
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A descoberta, revelada pelo Metrópoles, é resultado de nova fase da Operação Sem Desconto, deflagrada nesta quarta-feira, 4, pela PF. A conclusão tem base em dados da Controladoria-Geral da União (CGU) e análises financeiras complexas.
De outubro de 2023 a fevereiro de 2024, a Universo Associação dos Aposentados e Pensionistas dos Regimes Gerais da Previdência Social (AAPPS Universo) realizou transferências sistemáticas por múltiplas contas, numa tentativa deliberada de fragmentar os valores, segundo relatório da PF.
A estratégia impedia a concentração dos recursos em uma única conta e camuflava o fluxo real do dinheiro. Em paralelo, a organização já era investigada por usar beneficiários como laranjas, recebendo quantias disfarçadas como pagamentos pessoais.
A manobra fazia parte de um esquema mais amplo de corrupção institucional, de âmbito nacional, no qual deputados e senadores recebiam uma espécie de mensalão de até R$ 50 mil para facilitar o acesso das associações aos recebimentos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Segundo a Band News, cerca de 15 parlamentares de diversos partidos são suspeitos de integrar o grupo que manipulava indicações políticas, abria portas para dirigentes e garantia acesso a dados sigilosos de milhões de aposentados, como CPF e endereço.
Com essas informações em mãos, associações como a AAPPS Universo realizavam fraudes em série. A PF relata que a atuação do grupo político era coordenada para favorecer os interesses diretos dessas entidades. Investigados prometeram, em depoimento à PF, entregar os nomes dos parlamentares envolvidos.
Dimensão do golpe do INSS
A Justiça Federal em Brasília também entrou em cena para investigar este esquema nacional. A pedido da Advocacia-Geral da União, a juíza Luciana Raquel Tolentino de Moura, da 7ª Vara Federal do DF, determinou o bloqueio de R$ 23,8 milhões em bens de investigados, incluindo duas empresas e seus sócios. Os valores congelados devem servir de ressarcimento às vítimas.
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A dimensão do golpe no país inteiro é bilionária: estimativas mostram que, entre 2019 e 2024, R$ 6,3 bilhões foram desviados por meio de descontos associativos não autorizados nos benefícios de aposentados e pensionistas.
Na nova fase da operação, a PF também cumpriu mandados de busca e apreensão contra pessoas ligadas à AAPPS Universo e à APDAP Prev, outra associação já investigada desde a primeira fase da Sem Desconto.
A auditoria da CGU revela que a AAPPS arrecadou R$ 5 milhões em 2022, mas, no ano seguinte, o valor saltou para R$ 57,9 milhões, aumento de 1.058%.
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