Israel diz que tropas permanecerão em Gaza por tempo indeterminado

Israel diz que tropas permanecerão em Gaza por tempo indeterminado

Tropas israelenses controlam mais da metade do território palestino após intensificação de ofensiva terrestre após colapso do cessar-fogo, segundo levantamento da agência de notícias Associated Press. Tanque transita pela Faixa de Gaza na região da fronteira com Israel, em 19 de março de 2025
REUTERS/Amir Cohen
O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, afirmou nesta quarta-feira (16) que as tropas do país permanecerão indefinidamente na Faixa de Gaza, o que pode complicar ainda mais as negociações com o grupo terrorista Hamas por um novo cessar-fogo na guerra e a libertação dos reféns restantes.
Segundo Katz, o mesmo ocorrerá nas zonas controladas por tropas israelenses no Líbano e na Síria. As zonas controladas pelos israelenses nesses territórios são chamadas de zonas de segurança, ou “zonas-tampão”.
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“Diferente do passado, as Forças de Defesa de Israel não estão evacuando áreas que foram limpas e tomadas. O exército permanecerá nas zonas de segurança como barreira entre o inimigo e as comunidades israelenses em qualquer situação temporária ou permanente em Gaza — como no Líbano e na Síria”, afirmou o ministro israelense em comunicado.
Israel expandiu significativamente sua presença na Faixa de Gaza desde que retomou sua ofensiva contra o Hamas em meados de março, e atualmente as tropas israelenses controlam mais de metade do território palestino, segundo a agência de notícias Associated Press. A zona de segurança militar israelense em Gaza duplicou de tamanho nas últimas semanas.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, já havia afirmado recentemente que, mesmo após a derrota do Hamas, o país manterá o controle de segurança em Gaza e incentivará a saída dos palestinos do território.
A presença de tropas israelenses em Gaza é um ponto de discordância entre Israel e o Hamas. Por um lado, o grupo terrorista diz que a retirada total das tropas é um pré-requisito para o cessar-fogo e a libertação dos reféns restantes sob seu controle. Do outro, o governo israelense se recusa a abrir mão de zonas estratégicas como os Corredores Netzarim e Filadélfia, alegando que seu controle é fundamental para a segurança nacional de Israel.
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Israel também se recusou a se retirar de algumas áreas no Líbano, mesmo após o cessar-fogo com o grupo extremista Hezbollah em 2024, e estabeleceu uma zona de controle no sul da Síria após rebeldes do grupo HTS derrubarem a ditadura de Bashar al-Assad em dezembro.
Os palestinos e os países vizinhos consideram a presença de tropas israelenses uma ocupação militar que viola o direito internacional. O Hamas afirmou que não libertará dezenas de reféns restantes sem uma retirada completa de Israel da Faixa de Gaza e um cessar-fogo duradouro.
“Prometeram que os reféns viriam primeiro. Na prática, Israel está optando por tomar território antes dos reféns. (…) Há uma solução desejável e viável: a libertação de todos os reféns de uma só vez, como parte de um acordo, mesmo que isso signifique o fim da guerra”, disse a principal organização que representa as famílias dos sequestrados, em comunicado.
Israel afirma que precisa manter o controle das chamadas zonas de segurança para evitar uma repetição do ataque de 7 de outubro de 2023, quando milhares de militantes do Hamas invadiram o sul de Israel a partir de Gaza, matando cerca de 1.200 pessoas, a maioria civis, e sequestrando 251.
A ofensiva israelense em Gaza já matou mais de 51 mil palestinos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas. Nesse número estão combatentes do grupo terrorista e civis, entre eles mulheres e crianças. Israel diz ter matado cerca de 20 mil terroristas, mas não apresentou provas para a afirmação.
Sem ajuda humanitária
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Israel Katz também disse nesta quarta-feira que “a política de Israel é clara: nenhuma ajuda humanitária está prestes a entrar em Gaza”, com a justificativa de que essa ajuda é utilizada pelo Hamas contra a população do território.
A afirmação de Katz ocorreu dois dias após o Escritório para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) da ONU alertar que a situação humanitária na Faixa de Gaza é talvez “a pior” desde o início da guerra em 7 de outubro de 2023.
Israel bloqueia totalmente a entrada de ajuda humanitária no território palestino desde o colapso do cessar-fogo, em meados de março. Segundo Katz, a ajuda humanitária seria retomada após a formação de uma infraestrutura civil de distribuição que impeça o acesso do Hamas à ajuda.
A ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) denunciou nesta quarta-feira que Gaza virou uma “vala comum” para os palestinos e agentes de serviços humanitários que prestam socorro no território.
“Gaza virou uma vala comum para os palestinos e aqueles que comparecem em seu auxílio. (…) Assistimos em tempo real à destruição e ao deslocamento forçado de toda a população de Gaza”, afirmou Amande Bazerolle, coordenadora de emergências da MSF em Gaza.

Fonte: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2025/04/16/israel-diz-que-tropas-permanecerao-em-gaza-por-tempo-indeterminado.ghtml

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