Israel realizou uma série de ataques de grande proporção contra o Irã na madrugada de sexta-feira. Mercados em Israel estão com prateleiras vazias.
Reuters via BBC
Israelenses estão estocando comida e água nesta sexta-feira (13/06) após um ataque de Israel ao Irã despertar temores de um conflito mais amplo entre os dois países. O governo israelenses declarou estado de emergência no seu território na expectativa de retaliações.
Segundo o repórter Tom Bennett, da BBC em Jerusalém, as prateleiras dos supermercados da cidade estão se esvaziando rapidamente, com as pessoas estocando comida e água.
A maior parte do país foi despertada por volta das 3h da manhã (21h de quinta-feira no horário de Brasília) com um breve toque de sirenes e um alerta telefônico sobre uma “ameaça significativa” — com as pessoas instruídas a permanecerem perto de um abrigo.
Os serviços de emergência de Israel afirmam estar mobilizando serviços de doação e transfusão de sangue em todo o país, enquanto alguns hospitais afirmam estar dando alta a pacientes que estão bem o suficiente para voltar para casa.
Na Cisjordânia, um lockdown foi imposto em todas as cidades palestinas até novo aviso.
Israel está se preparando para uma possível retaliação do Irã. Autoridades israelenses disseram que 100 drones iranianos foram enviados a Israel mas teriam sido interceptados pelo exército israelense.
Israel realizou uma série de ataques de grande proporção contra o Irã na madrugada de sexta-feira.
Segundo a mídia estatal iraniana, o chefe do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica, Hossein Salami, e o cientista Fereydoon Abbasi, ex-chefe da agência nuclear do país, foram mortos nos ataques.
A morte de Salami é um duro golpe para Teerã. A Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC, na sigla em inglês) é um estratégica força militar, política e econômica no Irã, com laços estreitos com o líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei.
Khamenei, afirmou que, com a operação, Israel “preparou para si mesmo um destino amargo, que certamente terá.”
Já o porta-voz das Forças Armadas do Irã, Abolfazl Shekarchi, afirmou que os Estados Unidos e Israel pagarão um “preço alto”, segundo a agência Reuters.
Os EUA, no entanto, declararam que o ataque foi uma decisão “unilateral” de Israel.
Para o analista de Oriente Médio da BBC Sebastian Usher, o ataque de Israel ao Irã foi mais abrangente e intenso do que suas duas operações militares anteriores no ano passado.
Os ataques visam não só atingir as bases de mísseis do Irã – e, portanto, sua capacidade de responder com força – mas também eliminar pessoas-chave da liderança iraniana assim como objetiva a destruição de várias instalações ligadas ao programa nuclear iraniano para minar a capacidade do Irã de construir armas atômicas.
A mesma estratégia foi adotada por Israel contra o Hezbollah no Líbano e teve consequências devastadoras para o grupo e sua capacidade de montar uma contraofensiva sustentável.
Imagens de Teerã mostraram o que parecem ser prédios específicos atingidos, semelhantes às imagens dos ataques de Israel aos subúrbios ao sul de Beirute, que culminaram na morte do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah.
Nenhuma figura dessa importância morreu nos ataques no Irã, segundo os relatos divulgados até agora. O líder supremo do Irã, Ali Khamenei, não foi alvo.
“Mas matar o chefe do Estado-Maior Militar do Irã, o comandante da poderosa Guarda Revolucionária e vários dos principais cientistas nucleares do país nas primeiras horas de uma operação – que o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu sugeriu que poderia durar dias – significa ter infligido um grau de dano sem precedentes à elite iraniana”, diz Usher.
“Isso parece exigir uma resposta mais feroz do Irã do que a que vimos em seus dois ataques a Israel no ano passado. Mas também pode dificultar muito a capacidade de Teerã de formular tal resposta.”
Alguns voos para o Irã e países vizinhos estão sendo cancelados. O Irã fechou oficialmente seu espaço aéreo após os ataques de Israel.
Segundo a correspondente da BBC no Líbano Nafiseh Kohnavard, muitas companhias aéreas parecem também estar evitando o Iraque devido a preocupações com a segurança.
Grupos paramilitares iranianos e iraquianos aliados a Teerã alertaram repetidamente que qualquer ataque ao Irã – seja por Israel ou pelos EUA – tornaria os interesses e bases americanos na região, particularmente no Iraque, alvos “legítimos”.
“Ontem à noite, conversei com um assessor do primeiro-ministro do Iraque, Mohammed Shia al-Sudani, que me disse que seu governo tem mantido conversas intensas com grupos apoiados pelo Irã para dissuadi-los de retaliar caso o Irã seja atacado, enquanto Bagdá tenta evitar entrar em um novo conflito”, diz Kohnavard.
Fonte: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2025/06/13/israelenses-estocam-comida-e-procuram-abrigo-na-expectativa-de-retaliacao-do-ira.ghtml