Durante a 17ª Cúpula do Brics, realizada nesta segunda-feira, 7, no Rio de Janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a localidade de nascimento “define quem adoece e quem morre”. Ele também citou renda, escolaridade, gênero e raça como fatores que também influenciam isso.
No discurso, Lula disse que o Brics “investe em ciência e transferência de tecnologias com o objetivo de priorizar a vida”. O presidente também declarou que enfermidades comuns em países do bloco, como mal de Chagas e cólera, já não existiriam se afetassem países do Norte Global.
“No Brasil e no mundo, a renda, a escolaridade, o gênero, a raça e o local de nascimento determinam quem adoece e quem morre”, disse Lula. “Muitas das doenças que matam milhares em nossos países, como o mal de Chagas e a cólera, já teriam sido erradicadas se atingissem o Norte Global.”
Lula também criticou o que classificou como “unilateralismo e o desmonte de mecanismos multilaterais”, ressaltando a necessidade de recuperar o protagonismo da Organização Mundial da Saúde. Para ele, saúde não é apenas ausência de doença, mas um direito humano condicionado ao acesso a saneamento básico, alimentação adequada, educação de qualidade, moradia digna, trabalho e renda.
No mesmo discurso, o presidente anunciou a criação do Fundo Florestas Tropicais para Sempre, que será lançado durante a COP30, em Belém. Apesar de sediar o evento, a capital paraense deve ter apenas 3% da população beneficiada pelas obras de saneamento incluídas nos pacotes de melhorias.
Lula atribui ‘desigualdade social’ ao mercado financeiro
Lula também usou a carta da “desigualdade social” para reclamar do mercado financeiro. Durante a décima reunião do conselho do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), o banco do Brics, o petista propôs a criação de um novo modelo de financiamento voltado ao desenvolvimento sustentável. A declaração foi feita na sexta-feira 4.
Segundo ele, o objetivo é romper com as regras de austeridade impostas pelo mercado financeiro internacional, que, na sua avaliação, aumentam as desigualdades sociais.
A política de austeridade é um conjunto de medidas econômicas adotadas por governos para reduzir gastos públicos, geralmente com o objetivo de controlar o endividamento do Estado e equilibrar as contas públicas.
“Toda vez que se fala em austeridade, o pobre fica mais pobre e o rico fica mais rico”, disse Lula, sem apresentar dados para sustentar a afirmação.
O presidente também defendeu mudanças na forma como o financiamento global é feito neste século e destacou o papel do Banco do Brics na valorização das moedas locais. Ele sugeriu que os países do bloco devem buscar alternativas ao uso do dólar e retomar o debate sobre uma moeda própria para o comércio entre os membros, apesar dos desafios políticos envolvidos.
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