Caso aconteceu em São Vicente (SP). Justiça concedeu mandado de busca e apreensão domicilar na casa da avó paterna da bebê, que foi devolvida à mãe após mais de uma semana. Reencontro da mãe com a bebê em São Vicente (SP)
Carlos Alberto
Uma mulher de 28 anos acusa os sogros de sequestrar e manter em cárcere privado a filha dela, de 10 meses. Segundo mãe, diagnosticada com autismo nível 2, a sogra a chamou de “retardada” e a agrediu quando ela tentou recuperar a bebê. A criança só foi devolvida após intervenção da Justiça, mais de uma semana depois de ter sido levada. A advogada da família do pai da criança nega as acusações.
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De acordo com o advogado Carlos Alberto de Sá Romano, que representa a mãe da bebê, a jovem vivia em união estável com o pai da criança há três anos. Apesar do grau de autismo, segundo ele, a cliente sempre foi plenamente capaz de cuidar da filha.
A disputa judicial começou em 5 de abril, quando a mulher teve o que o advogado chamou de “surto emocional isolado”. O companheiro a levou a um pronto-socorro, que não foi informado. Ao receber alta, percebeu que a filha havia sido levada para a casa dos avós paternos.
“Levaram a bebê enquanto eu estava inconsciente, porque, no momento em que eu cheguei na instituição [de saúde], me deram um ansiolítico. E eu retornei de [carro de] aplicativo para casa”, afirmou a jovem, que não será identificada.
Atualmente, os sogros da mulher e um cunhado respondem por sequestro, cárcere privado, subtração de incapaz, lesão corporal, ameaça, injúria qualificada por capacitismo, violência psicológica e patrimonial e associação criminosa.
A advogada que os representa também foi acusada pela mãe da bebê de incentivar as agressões e, por isso, preferiu não se identificar (veja mais abaixo).
Agressões e xingamento
No dia seguinte à internação, em 6 de abril, a jovem foi até a casa dos sogros acompanhada da mãe e de duas pessoas próximas. Ela afirmou que, ao tentar reaver a filha, foi agredida com tapas no rosto pela sogra e chamada de “retardada”. Um cunhado a teria ainda imobilizado no chão e torcido o braço.
“Na hora que eu saí correndo para ir embora, ela veio correndo atrás e ocorreu uma luta ali. Nós fomos parar no chão e o garoto subiu em cima de mim”, afirmou. “Ele levou [torceu] meu braço a um extremo que me deixou com dores por dias. Fiquei dias com dores no meu corpo”.
Romano disse que todo o episódio foi testemunhado por uma mulher que se apresentou como advogada da família paterna. Ela teria alegado ter uma decisão judicial provisória de guarda em nome do pai da criança — o que, segundo o advogado da mãe, ainda não existia na ocasião.
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Tutela negada
Na quarta-feira (17), o juiz Rodrigo Barbosa Sales, da 3ª Vara Criminal de São Vicente, deferiu o pedido de mandado de busca e apreensão domiciliar. Policiais civis foram à casa dos avós paternos, pegaram a menina e entregaram à mãe na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM).
No mesmo dia, o juiz Silvio Roberto Ewald Filho, da 1ª Vara da Família e Sucessões de São Vicente, indeferiu o pedido de guarda provisória feito pelo pai da criança. Na decisão, destacou que havia apenas a “versão unilateral do pai” e documentação “frágil e insuficiente”.
Desde então, a mãe da bebê está abrigada na casa da própria mãe, no Litoral Norte de São Paulo. O advogado Romano informou que o casal está separado temporariamente.
“Eu ainda tenho pesadelos com isso”, disse a mãe da bebê. “Todos os dias que eu passei sem ela, eu passei extremamente deprimida, extremamente incapaz. Eu não conseguia fazer nada, estava de cama. Não conseguia levantar para comer, para ir ao banheiro, para fazer nada”, disse.
Defesa da família paterna
A advogada que representa a família do pai afirmou ao g1 que o relato da mãe não é verdadeiro. Disse que a jovem foi apenas “contida” e que ela mesma teria iniciado as agressões contra a sogra — o que, segundo a defensora, será comprovado durante o processo.
“Fiquei em estado de choque com a agressividade da genitora (mãe), e, por ser mulher, não tinha como conter uma outra pessoa que estava, como ela própria alegou, em surto, completamente desnorteada. Assim sendo, solicitei apoio à Polícia Militar e ao Samu, pois não havia condições de agir por conta própria”, disse a advogada.
A representante da família informou, ainda, que não houve sequestro, pois a criança estava com o pai durante todo o tempo e apenas foi levada para a casa da avó paterna. Em relação ao processo de guarda da criança, disse que este foi aberto em 9 de abril e corre em segredo de Justiça.
Relembre outro caso
Uma mãe que não tinha a guarda do filho tomou a criança à força das mãos da avó paterna, em Santos, no litoral de São Paulo, e fugiu com o menino.
Imagens mostram ação de mãe que sumiu com o filho após tirá-lo das mãos da avó
Nas imagens, que foram obtidas pelo g1 e podem ser vistas acima, o menino é arrastado e colocado dentro de um carro (assista acima). O menino foi levado quando seria deixado na escola. Ele foi entregue à Justiça após 45 dias desaparecido.
VÍDEOS: g1 em 1 Minuto Santos
Fonte: https://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2025/04/23/mae-autista-acusa-avos-de-raptarem-filha-de-10-meses-de-ser-agredida-e-xingada-de-retardada.ghtml