Segundo autoridades locais, disparos ocorreram quando multidão se aproximava de posto de coleta de ajuda humanitária na região central de Gaza. Israel disse ter disparado tiros de advertência em direção a suspeitos. Gaza: médicos relatam 20 mortes perto de centro de distribuição de ajuda.
Tiros mataram 17 palestinos e feriram dezenas de pessoas nesta terça-feira (10) perto de um posto de entrega de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, afirmaram autoridades de saúde do governo local, controlado pelo Hamas.
Segundo as autoridades, os disparos ocorreram quando milhares de pessoas se aproximaram de um local de distribuição de ajuda humanitária na região central de Gaza.
Médicos de Gaza disseram que as vítimas foram levadas às pressas para dois hospitais, o Hospital Al-Awda, no campo de Nuseirat, no centro de Gaza, e o Al-Quds, na Cidade de Gaza, no norte.
As Forças Armadas israelenses disseram que suas forças dispararam tiros de advertência, porém “a centenas de metros” do posto de ajuda humanitária e contra “suspeitos que estavam avançando na área de Wadi Gaza e representavam uma ameaça para as tropas”.
Os militares acrescentaram que estavam cientes de relatos de que vários ficaram feridos, mas argumentaram que os números divulgados pelas autoridades de saúde locais não estavam alinhados com as informações coletadas.
“Os tiros de advertência foram disparados a centenas de metros do local de distribuição de ajuda, antes de seu horário de abertura e em direção aos suspeitos que representavam uma ameaça às tropas”, acrescentaram os militares.
Na semana passada, as forças de Israel alertaram palestinos para não se aproximarem das rotas que levam às instalações da Fundação Humanitária de Gaza — o grupo apoiado pelos Estados Unidos que faz a distribuição — entre 18h e 6h, pelo horário local.
A fundação começou a distribuir pacotes de alimentos em Gaza no final de maio, supervisionando um novo modelo de distribuição de ajuda que, segundo as Nações Unidas, não é imparcial nem neutro.
‘Mãos vazias’ após caminhar por horas
Homem mostra alimentos que conseguiu em distribuição de ajuda humanitaria em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, em 5 de junho de 2025.
Hatem Khaled/ Reuters
Muitos habitantes de Gaza dizem que precisam caminhar por horas para chegar aos locais, o que significa que precisam começar a viajar bem antes do amanhecer se quiserem ter alguma chance de receber alimentos.
“Fui até lá às 2h da manhã na esperança de conseguir comida. No caminho, vi pessoas voltando de mãos vazias, disseram que os pacotes de ajuda acabaram em cinco minutos, isso é loucura e não é suficiente”, afirmou Mohammad Abu Amr, de 40 anos, pai de dois filhos.
“Dezenas de milhares de pessoas chegam das áreas centrais e das áreas do norte também, algumas delas caminharam por mais de 20 km, apenas para voltar para casa decepcionadas”, disse Amr à Reuters via aplicativo de mensagem. Ele contou que ouviu os disparos, mas não viu o que aconteceu.
Mais tarde na terça-feira, as autoridades de saúde locais disseram que um ataque israelense a uma casa em Deir al-Balah, no centro da Faixa de Gaza, matou oito pessoas, elevando o número de mortos na terça-feira para pelo menos 25.
O Exército israelense disse separadamente que interceptou um foguete disparado do norte de Gaza em direção aos territórios israelenses, o que sinalizou que o Hamas e outros grupos militantes continuam capazes de disparar as armas, apesar da devastação israelense de seu arsenal.
Fonte: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2025/06/11/mortes-em-gaza-pela-guerra-passam-de-55-mil-diz-governo-do-hamas.ghtml