A Corte Constitucional suspendeu nesta terça-feira (1º) a primeira-ministra Paetongtarn Shinawatra, herdeira da dinastia que polariza a Tailândia há mais de duas décadas, abrindo uma nova fase de incertezas.
Por maioria de sete votos contra dois, os juízes decidiram suspender a chefe do governo, acusada por senadores conservadores de ter violado os “padrões éticos” exigidos pela Constituição para ocupar o cargo.
O futuro da mais jovem primeira-ministra que o reino já teve, de 38 anos, fica em suspenso durante as deliberações da Corte, que podem durar semanas ou até meses. O vice-primeiro-ministro Suriya Jungrungreangkit assumirá interinamente, segundo a mídia local.
“Eu aceito a decisão da Corte”, declarou Paetongtarn. “Quero reafirmar que sempre tive a intenção de agir pelo melhor para o meu país”, acrescentou. “Gostaria de pedir desculpas aos tailandeses que estão decepcionados.”
Desde os anos 2000, a segunda maior economia do Sudeste Asiático vive sucessivas crises políticas, mas a atual ocorre em meio a uma ofensiva tarifária dos EUA, que tem colocado o governo diante de decisões cruciais.
“Como vizinho amigo, esperamos que a Tailândia mantenha sua estabilidade e desenvolvimento”, declarou Mao Ning, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, em coletiva.
“Diluição crítica”
As próximas semanas serão decisivas para o clã Shinawatra, que vai lutar pela sua sobrevivência política em tribunais que, no passado, condenaram seus membros mais influentes e dissolveram seus partidos afiliados. O julgamento por lesa-majestade do patriarca Thaksin também começou nesta terça.
Segundo o analista político Thitinan Pongsudhirak, há uma ligação direta e indiscutível entre os dois casos, e a influência da família Shinawatra está passando por uma “diluição crítica”.
A dinastia Shinawatra, centrada no bilionário Thaksin, por muito tempo representou um contraponto à elite política conservadora alinhado ao rei e ao Exército. Dessa oposição surgiram dois golpes de Estado, grandes manifestações, algumas reprimidas com violência, além de uma série de processos judiciais.
Paetongtarn, terceira Shinawatra a ocupar o cargo de primeira-ministra, após seu pai e sua tia Yingluck, estava numa posição delicada desde que o principal aliado da sua coalizão a abandonou em junho.
Uma conversa telefônica com o ex-primeiro-ministro cambojano Hun Sen, que ele divulgou online sem o consentimento dela, inflamou ainda mais a crise. No diálogo, que deveria aliviar tensões na fronteira, a líder comparou um general tailandês a um “opositor” e usou um tom considerado excessivamente reverente ao seu interlocutor mais velho.
Seus adversários conservadores a criticaram pela falta de firmeza e experiência numa questão muito sensível, marcada por décadas de conflito entre Tailândia e Camboja.
Apesar dos pedidos de desculpas, cerca de trinta senadores apresentaram uma queixa à Corte Constitucional, alegando que ela violou os “padrões éticos” — termo vago na Constituição para o exercício do cargo.
No ano passado, a Corte já havia destituído seu antecessor, Srettha Thavisin, com base no mesmo artigo sobre integridade. Naquela ocasião, as deliberações duraram mais de 80 dias.
Na manhã de terça, o rei aprovou a esperada reforma ministerial após a desistência de um partido da base governista. No novo gabinete, Paetongtarn deveria assumir o ministério da Cultura, mas sua permanência no governo agora é incerta.
Lesa-majestade Um representante do principal partido de oposição, Move Forward [do inglês “movimento para a frente”], pediu a realização de novas eleições, dois anos após as últimas.
“Paetongtarn perdeu sua autoridade moral”, disse à AFP Rangsiman Rome. “Dissolver a Assembleia é a solução.”
No mesmo dia, começou o julgamento por lesa-majestade contra Thaksin, na presença do próprio.
O ex-primeiro-ministro (2001-2006), de 75 anos, é acusado de ter insultado o rei e sua família numa entrevista publicada em um jornal sul-coreano em 2015.
As audiências do processo ocorrerão durante todo o mês de julho, e o veredito deve demorar pelo menos mais um mês. O magnata das telecomunicações nega ter feito declarações difamatórias.
A Justiça tailandesa é conhecida por ser severa no cumprimento da lei de lesa-majestade, uma das mais rígidas do mundo, com pena de até quinze anos de prisão.
Grupos de juristas e ativistas de direitos humanos criticam regularmente o uso político dessa lei para silenciar vozes críticas à monarquia e seus aliados.
No tribunal, cerca de dez “vermelhos” — pró-Thaksin, em oposição aos “amarelos”, apoiadores da monarquia — foram apoiar o ex-primeiro-ministro. “Vim aqui por causa das injustiças que ele enfrentou por tantos anos”, disse Wanlee Iamcharat, fisioterapeuta aposentada de 79 anos.
Por maioria de sete votos contra dois, os juízes decidiram suspender a chefe do governo, acusada por senadores conservadores de ter violado os “padrões éticos” exigidos pela Constituição para ocupar o cargo.
O futuro da mais jovem primeira-ministra que o reino já teve, de 38 anos, fica em suspenso durante as deliberações da Corte, que podem durar semanas ou até meses. O vice-primeiro-ministro Suriya Jungrungreangkit assumirá interinamente, segundo a mídia local.
“Eu aceito a decisão da Corte”, declarou Paetongtarn. “Quero reafirmar que sempre tive a intenção de agir pelo melhor para o meu país”, acrescentou. “Gostaria de pedir desculpas aos tailandeses que estão decepcionados.”
Desde os anos 2000, a segunda maior economia do Sudeste Asiático vive sucessivas crises políticas, mas a atual ocorre em meio a uma ofensiva tarifária dos EUA, que tem colocado o governo diante de decisões cruciais.
“Como vizinho amigo, esperamos que a Tailândia mantenha sua estabilidade e desenvolvimento”, declarou Mao Ning, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, em coletiva.
“Diluição crítica”
As próximas semanas serão decisivas para o clã Shinawatra, que vai lutar pela sua sobrevivência política em tribunais que, no passado, condenaram seus membros mais influentes e dissolveram seus partidos afiliados. O julgamento por lesa-majestade do patriarca Thaksin também começou nesta terça.
Segundo o analista político Thitinan Pongsudhirak, há uma ligação direta e indiscutível entre os dois casos, e a influência da família Shinawatra está passando por uma “diluição crítica”.
A dinastia Shinawatra, centrada no bilionário Thaksin, por muito tempo representou um contraponto à elite política conservadora alinhado ao rei e ao Exército. Dessa oposição surgiram dois golpes de Estado, grandes manifestações, algumas reprimidas com violência, além de uma série de processos judiciais.
Paetongtarn, terceira Shinawatra a ocupar o cargo de primeira-ministra, após seu pai e sua tia Yingluck, estava numa posição delicada desde que o principal aliado da sua coalizão a abandonou em junho.
Uma conversa telefônica com o ex-primeiro-ministro cambojano Hun Sen, que ele divulgou online sem o consentimento dela, inflamou ainda mais a crise. No diálogo, que deveria aliviar tensões na fronteira, a líder comparou um general tailandês a um “opositor” e usou um tom considerado excessivamente reverente ao seu interlocutor mais velho.
Seus adversários conservadores a criticaram pela falta de firmeza e experiência numa questão muito sensível, marcada por décadas de conflito entre Tailândia e Camboja.
Apesar dos pedidos de desculpas, cerca de trinta senadores apresentaram uma queixa à Corte Constitucional, alegando que ela violou os “padrões éticos” — termo vago na Constituição para o exercício do cargo.
No ano passado, a Corte já havia destituído seu antecessor, Srettha Thavisin, com base no mesmo artigo sobre integridade. Naquela ocasião, as deliberações duraram mais de 80 dias.
Na manhã de terça, o rei aprovou a esperada reforma ministerial após a desistência de um partido da base governista. No novo gabinete, Paetongtarn deveria assumir o ministério da Cultura, mas sua permanência no governo agora é incerta.
Lesa-majestade Um representante do principal partido de oposição, Move Forward [do inglês “movimento para a frente”], pediu a realização de novas eleições, dois anos após as últimas.
“Paetongtarn perdeu sua autoridade moral”, disse à AFP Rangsiman Rome. “Dissolver a Assembleia é a solução.”
No mesmo dia, começou o julgamento por lesa-majestade contra Thaksin, na presença do próprio.
O ex-primeiro-ministro (2001-2006), de 75 anos, é acusado de ter insultado o rei e sua família numa entrevista publicada em um jornal sul-coreano em 2015.
As audiências do processo ocorrerão durante todo o mês de julho, e o veredito deve demorar pelo menos mais um mês. O magnata das telecomunicações nega ter feito declarações difamatórias.
A Justiça tailandesa é conhecida por ser severa no cumprimento da lei de lesa-majestade, uma das mais rígidas do mundo, com pena de até quinze anos de prisão.
Grupos de juristas e ativistas de direitos humanos criticam regularmente o uso político dessa lei para silenciar vozes críticas à monarquia e seus aliados.
No tribunal, cerca de dez “vermelhos” — pró-Thaksin, em oposição aos “amarelos”, apoiadores da monarquia — foram apoiar o ex-primeiro-ministro. “Vim aqui por causa das injustiças que ele enfrentou por tantos anos”, disse Wanlee Iamcharat, fisioterapeuta aposentada de 79 anos.
Fonte: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2025/07/01/primeira-ministra-tailandesa-de-38-anos-e-retirada-do-cargo.ghtml