Reclamação do governo Lula contra EUA na OMC não tem efeito prático

Reclamação do governo Lula contra EUA na OMC não tem efeito prático

Em resposta às tarifas impostas pelo governo de Donald Trump, o governo Lula protocolou nesta quarta-feira, 6, um pedido de consulta contra os Estados Unidos na Organização Mundial do Comércio (OMC).

O documento foi entregue à missão norte-americana na entidade, em representação a um posicionamento formal do Brasil diante das restrições adotadas por Washington.

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De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, fontes do Palácio do Planalto consideram a entrega do documento um gesto simbólico.

É que o órgão de apelação da OMC está inoperante desde 2019. Além disso, a consulta depende de aceite do governo norte-americano.

Documento do governo Lula ignora justificativa dos EUA

Nesta terça-feira 5, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, anunciou que o procedimento seria levado à OMC.

O envio do pedido ocorre dois dias depois da reunião do Conselho Estratégico da Câmara de Comércio Exterior, presidida pelo vice-presidente Geraldo Alckmin e integrada por ministros como Rui Costa (Casa Civil), Fernando Haddad (PT-SP), Simone Tebet (MDB-MS) e Alexandre Silveira (PSD-MG).

No documento, o governo Lula requer esclarecimentos sobre as práticas tarifárias norte-americanas e solicita alterações nas medidas questionadas.

Segundo o governo, as tarifas violam compromissos assumidos pelos EUA na OMC, incluindo a cláusula da Nação Mais Favorecida e o teto tarifário consolidado.

Ao impor uma sobretaxa de 50% à maioria das exportações brasileiras, em 9 de julho, Trump condicionou a suspensão da medida ao fim das manobras do Supremo Tribunal Federal (STF) para prender o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Justificativas e próximos passos do processo

Em documento interno, o Itamaraty justificou a decisão de recorrer à OMC. Para o governo Lula, o governo Trump se distanciou de “compromissos multissetoriais característicos” da organização.

“A medida desestabiliza o equilíbrio construído ao longo de décadas de negociações multilaterais e representa sério risco à arquitetura internacional de comércio”, diz um trecho da justificativa.

Para que o processo avance, os EUA precisam aceitar a consulta. Caso não haja acordo em até 60 dias, o Brasil poderá solicitar o estabelecimento de um painel composto de três membros indicados por ambas as partes.

Nessa etapa, os países apresentam defesas por escrito, participam de audiências e recebem um relatório sobre a legalidade das medidas.

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O painel tem prazo teórico de até seis meses para emitir seu parecer, prorrogáveis por mais três.

Na prática, a análise costuma durar cerca de 12 meses, podendo se estender até cinco anos em casos mais complexos.

Se houver derrota, a parte pode recorrer ao Órgão de Apelação, que deveria dar a decisão final obrigatória para os membros da OMC.

Instância de apelação da OMC está inativa desde 2019

Desde 2019, porém, a instância de apelação do OMC está inoperante, devido à recusa dos EUA para aprovar novos integrantes.

Como resultado, mais de 20 decisões de painéis aguardam definição, impossibilitando que a OMC finalize disputas quando há apelações, situação que compromete a efetividade do sistema multilateral.

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