Uma investigação conduzida pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), revelou um esquema de desvio de emendas parlamentares no Ceará que ultrapassa os limites da corrupção tradicional. Segundo o magistrado, há vínculos diretos com facções criminosas, como o Primeiro Comando da Capital (PCC).
Como funcionava o esquema de desvio de emendas no Ceará?
De acordo com a Polícia Federal (PF), parlamentares cobravam “pedágios” de até 15% para liberar recursos das emendas. Esse caixa paralelo teria financiado a eleição de mais de 50 prefeitos no Estado.
O que os prefeitos faziam depois de eleitos?
Prefeitos beneficiados pelo esquema usavam seus mandatos para direcionar verbas públicas a empresas ligadas ao crime organizado. Entre os contratos investigados estão:
- Coleta de lixo;
- Transporte público;
- Merenda escolar; e
- Marmitas para presídios.
Quem é Júnior Mano e qual seu papel no caso?
O principal nome citado nas investigações é o deputado federal Júnior Mano (PSB-CE), suspeito de liderar o esquema. Entre 2019 e 2024, o parlamentar destinou cerca de R$ 120 milhões em emendas para prefeituras cearenses.
Em 2023, articulou a eleição de Bebeto Queiroz para a Prefeitura de Choró. Depois de ser citado pela PF por suspeita de ligação com o PCC, Queiroz desapareceu e está foragido há sete meses.
Quais os próximos passos da investigação?
Por determinação de Gilmar Mendes, a PF deve:
- Quebrar sigilos bancários;
- Ouvir os principais suspeitos; e
- Rastrear o destino dos recursos desviados.
Até o momento, nenhum dos investigados fechou acordo de delação premiada.
Esquema pode se repetir em outros Estados?
Segundo Gilmar Mendes, o modelo de corrupção que envolve emendas parlamentares não é exclusivo do Ceará. A Polícia Federal já detectou casos semelhantes em outros Estados, o que indica um padrão disseminado de atuação criminosa com verbas públicas.
O que diz Júnior Mano?
Em nota, o deputado negou envolvimento com o esquema. Alegou que, como parlamentar, não exerce funções administrativas em prefeituras nem participa da execução de contratos. Disse confiar nas instituições e que provará a legalidade de seus atos ao final do processo.
O post Saiba como operava o esquema de desvio de emendas parlamentares ao PCC apareceu primeiro em Revista Oeste.