Em entrevista ao Oeste com Elas nesta terça-feira, 5, o jornalista norte-americano Michael Shellenberger confirmou que fontes próximas ao governo de Donald Trump afirmaram que o presidente dos Estados Unidos está preocupado com a situação no Brasil.
Na segunda-feira 4, Shellenberger usou sua plataforma, a Public, para publicar uma reportagem dos jornalistas David Ágape e Eli Vieira. Mensagens incluídas no artigo revelam que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), usou a estrutura do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para investigar os detidos do 8 de janeiro e prendê-los com base em publicações em redes sociais.
“Ontem, saiu uma publicação do Departamento de Estado dos EUA condenando a prisão de Jair Bolsonaro”, comentou Shellenberger. “E eu também sei, com base em várias fontes, que Trump está muito preocupado com o que está acontecendo no Brasil. As tarifas surgiram por isso.”
Ele também acrescentou que “o mundo está observando” e tentando entender a atual situação no país.
Vice-secretário do governo Trump classificou prisão de Bolsonaro como “ditadura judicial”
O vice-secretário de Estado norte-americano, Christopher Landau, usou as redes sociais para se manifestar sobre a decisão de prisão domiciliar do ex-presidente do Brasil Jair Bolsonaro, expedida pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, na segunda-feira 4. O político afirmou que o caso arrasta a Corte e o país para uma “ditadura judicial”.
“Um dos desafios de ser um funcionário público é que suas ações estão sujeitas a críticas”, começou a argumentar. “Isso faz parte do contexto e você tem de esperar por isso. Aparentemente, ninguém contou isso ao ministro Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que colocou o ex-presidente Bolsonaro em prisão domiciliar e o privou do acesso a um celular.”
One of the challenges of being a public official is that your actions are subject to criticism. It comes with the turf and you have to expect it. Apparently no one told this to Justice Moraes of Brazil’s Supreme Court, who today placed former President Bolsonaro under house… pic.twitter.com/2e3G5tC5xh
— Christopher Landau (@DeputySecState) August 5, 2025
Na sequência, o vice-secretário de Estado dos EUA diz que o suposto crime de Bolsonaro seria, “aparentemente, criticar o ministro, o que ele agora convenientemente caracteriza como uma obstrução da Justiça”. “Os impulsos orwellianos desenfreados do ministro estão arrastando sua Corte e seu país para o território desconhecido de uma ditadura judicial”, concluiu Landau.
Como funcionava a “investigação” no TSE
De acordo com a reportagem, a pedido de Moraes, funcionários da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação, criada para monitorar conteúdo eleitoral, foram mobilizados para classificar os manifestantes com base em postagens em redes sociais e outros indícios considerados “antidemocráticos”.
A triagem foi feita de forma improvisada e com pressa. Cada detido recebia uma “certidão” — positiva ou negativa — a partir de uma varredura digital que incluía fotos, comentários políticos, memes e interações em aplicativos como Facebook, X, Telegram e WhatsApp.
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As certidões positivas, mesmo sem valor jurídico formal, foram decisivas para manter pessoas presas, segundo os próprios envolvidos. Nenhuma delas foi incluída oficialmente nos autos dos processos ou compartilhada com as defesas.
A operação era coordenada por meio de grupos no WhatsApp liderados por Cristina Kusahara, chefe de gabinete de Moraes no STF, que dava ordens diretas aos servidores do TSE. Mesmo sem cargo formal no Tribunal Eleitoral, ela determinava prazos, conteúdo das certidões e cobrava produtividade.
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