Os primeiros cinco meses deste ano registraram uma redução expressiva no volume de financiamentos para a produção na construção civil, segundo levantamento divulgado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), nesta segunda-feira, 28.
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O setor registrou pouco mais de 24 mil unidades financiadas de janeiro a maio, número que representa queda de 62,9% em comparação ao mesmo período de 2024, quando foram de pouco mais de 65 mil. O valor total dos financiamentos também caiu 54,1%, já que passou de R$ 15,5 bilhões para R$ 7,1 bilhões.
De acordo com a economista-chefe da CBIC, Ieda Vasconcelos, o cenário teve influência principalmente pela alta da taxa Selic, atualmente em 15% ao ano — o maior patamar desde 2006. Outro fator relevante foi a saída de R$ 49,6 bilhões da poupança no primeiro semestre.
“O custo do crédito está elevado tanto para o comprador quanto para o construtor”, afirmou Ieda. “Os bancos têm priorizado o financiamento à aquisição, em detrimento da produção.”
Crédito à aquisição, e emprego na construção civil
Enquanto o crédito à produção encolheu, o financiamento para aquisição de imóveis cresceu 16,4% entre janeiro e maio. Foram 154 mil unidades financiadas nesse período em 2025, ante 132,3 mil no mesmo intervalo de 2024.
Apesar do recuo nos financiamentos para produção, o setor da construção ultrapassou a marca de 3 milhões de empregos formais em maio. Trata-se do maior número da série histórica do novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, iniciada em 2020.
Mesmo com recorde de trabalhadores com carteira assinada, houve retração na criação de vagas. Entre janeiro e maio de 2025, houve a abertura de 149,2 mil vagas formais, resultado 6,7% inferior ao saldo registrado em 2024, quando houve a criação de quase 160 mil postos. O salário médio de admissão alcançou R$ 2.436, o mais alto entre todos os segmentos da análise da CBIC, incluindo serviços, indústria e administração pública.
Perspectivas para o setor e necessidade de estímulos
A entidade manteve a previsão de crescimento de 2,3% para o PIB do segmento em 2025, em razão do ambiente econômico atual e da diminuição do ritmo de novos investimentos. Ieda Vasconcelos explicou que a estimativa se sustenta na continuidade de lançamentos anteriores.
“A projeção tem um leve otimismo e é sustentada pela inércia de lançamentos anteriores, que ainda geram atividade e emprego”, disse.
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O presidente da CBIC, Renato Correia, destacou a necessidade de novas medidas para estimular o setor, pois “a construção civil segue criando empregos, movimentando a economia e contribuindo para o crescimento do país, mesmo diante de um cenário de juros altos e crédito restrito”. “Os dados mostram a força e a resiliência do setor, mas também reforçam a urgência de medidas que garantam um ambiente mais favorável à produção e ao investimento”, completou.
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